Oliver Kahn, goleiro da seleção da Alemanha, sonhava muito com a conquista da Copa do Mundo, tanto em 2002 como em 2006. Impressionante, uma de suas entrevistas: - “Faz muito tempo que acalento ser Campeão Mundial de Futebol. Treino duro para alcançar este objetivo, apesar de saber que se trata de uma alegria passageira. Depois de alcançado o feito, precisarei recomeçar meus treinamentos”! Confesso que fiquei encantado com sua palavra. Agora, observem como ela combina com aquilo que o apóstolo Paulo escreveu em 1 Coríntios 9, 24-27: Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.
Nós, os homens e as mulheres que crêem, tornamo-nos participantes da salvação exatamente no dia em que Jesus Cristo, por sua morte na cruz, tomou sobre si todos os nossos sofrimentos (1 Co 1,4-9 e 18). Em vista disso, o desafio que Paulo nos propõe: buscarmos o objetivo da salvação e isso, diariamente, com “unhas e dentes”.Interessante notar que um grupo de pessoas da Comunidade da cidade de Corinto se entusiasmou com esta oferta de liberdade. Já eram os donos da salvação. Que se danassem as outras pessoas. Assim, escandalizavam-as enquanto comiam carne destinada aos ídolos; enquanto praticavam escândalos dentro do matrimônio (1 Co 7) – enfim, o que importava era ter a certeza da aceitação por parte de Deus.
No mais, para eles, a vivência diária não tinha nada a ver com a sua fé.Paulo discordava disso. Ele tentava deixar claro que, mesmo tendo a certeza da salvação em Cristo, não se pode esquecer que ainda estamos caminhando rumo a eternidade de Deus. Que nós, os cristãos e as cristãs, somos iguais a atletas que, correndo e treinando, nos desgastamos para alcançar o alvo, a coroa incorruptível, a salvação eterna.Este tempo de correr é um tempo de prova. Para que alcancemos esta coroa haveremos de evitar, de abdicar de tudo o que possa prejudicar o nosso objetivo. Assim somos desafiados a viver sob a marca do amor que nos faz capazes de desistirmos das vantagens pessoais, que possam impedir os outros de entenderem e de aceitarem o Evangelho de Cristo (1 Co 8.1-9,23).
Este estar a caminho também é um tempo de luta. Um tempo de disputa contra o próprio “eu” que, na sua liberdade cristã, não aceita qualquer tipo de abstinência. O alvo só será alcançado na medida em que formos lutando contra este “inimigo”. Não podemos possuir o amor de Deus, se não o vivemos durante a caminhada da nossa vida.Concluindo, lembro muito bem do ano de 1970. Nossa seleção brasileira estava no México e, de lá, acabou levando a taça “Jules Rimet” para casa. Éramos tri-campeões de Futebol com Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho e Cia. Ltda. Confesso que não me lembro de ter visto tanta festa na minha vida. Alguns anos depois, roubaram e derreteram a referida taça de ouro. Sempre acompanhei e ainda acompanho certos atletas brasileiros que lutam e se exercitam muito para voltar às disputas esportivas, depois de alguma lesão grave. Estes atletas buscam a glória passageira da qual o goleiro alemão Oliver Kahn falou com tanta propriedade. Nós?... Bem, nós buscamos a “Coroa da Glória” que não enferruja. Nosso tipo de exercício? Bem, ele se resume no amor que é capaz de desistir dos aparentes direitos, a fim de promover mais vida às outras pessoas. E tudo isso, por causa do Evangelho de Cristo. Só assim alcançaremos a coroa incorruptível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário