Atuo há muitos anos como pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB. Durante este tempo de ministério na Igreja, tenho criado muitas meditações, reflexões e prédicas que, agora, reparto com vocês que me lêem. No momento trabalhando, versículo por versículo, no Livro de Provérbios. Desejo a todos uma boa leitura.
sexta-feira, 20 de abril de 2007
No centro das atenções!
Gente querida, faz 25 anos que iniciei meu ministério pastoral numa das Paróquias do Noroeste do Paraná. Certo dia, como de costume, durante um Culto Dominical, apresentei a turma do Ensino Confirmatório para a Comunidade reunida. Nosso presidente estava na vez e fez uma pergunta aos adolescentes presentes: - “Ei pessoal! Por quê o ato da Confirmaçao de fé é importante para vocês?” Um dos meninos foi rápido na resposta. Ele disse: - “Para mim ela é muito importante porque, naquele dia, eu serei o centro das atenções lá em casa.” Durante a liturgia lemos Filipenses 2. 5-11. Agora, vamos ler a Palavra de Lucas 19.28-40...19.28 - Tendo Jesus assim falado, ia caminhando adiante deles, subindo para Jerusalém. 19.29 - Ao aproximar-se de Betfagé e de Betânia, junto do monte que se chama das Oliveiras, enviou dois dos discípulos, 19.30 - dizendo-lhes: Ide à aldeia que está defronte, e aí, ao entrar, achareis preso um jumentinho em que ninguém jamais montou; desprendei-o e trazei-o. 19.31 - Se alguém vos perguntar: Por que o desprendeis? respondereis assim: O Senhor precisa dele. 19.32 - Partiram, pois, os que tinham sido enviados, e acharam conforme lhes dissera. 19.33 - Enquanto desprendiam o jumentinho, os seus donos lhes perguntaram: Por que desprendeis o jumentinho? 19.34 - Responderam eles: O Senhor precisa dele. 19.35 - Trouxeram-no, pois, a Jesus e, lançando os seus mantos sobre o jumentinho, fizeram que Jesus montasse. 19.36 - E, enquanto ele ia passando, outros estendiam no caminho os seus mantos. 19.37 - Quando já ia chegando à descida do Monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a louvar a Deus em alta voz, por todos os milagres que tinha visto, 19.38 - dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu, e glória nas alturas. 19.39 - Nisso, disseram-lhe alguns dos fariseus dentre a multidão: Mestre, repreende os teus discípulos. 19.40 - Ao que ele respondeu: Digo-vos que, se estes se calarem, as pedras clamarão.Jesus em LucasHá pessoas que não gostam de estar no “centro das atenções”, ainda mais se precisam falar alguma coisa. Doutro lado há pessoas que dão um “dedinho” para ocupar posições de destaque. Penso que muitos de nós até gostaríamos de experimentar, pelo menos um pouquinho, dessa sensação. Estou errado?...No texto que acabei de ler, vimos que Jesus está sendo o “centro das atenções”, enquanto Ele vai entrando com seus discípulos na cidade de Jerusalém. A multidão O aplaude e O festeja com grande alarido. Ela forra o Seu caminho com vestimentas caras e até joga ramos verdes na estrada - como nos informam os outros evangelistas. Ali, com certeza, caminha o seu „salvador da pátria”.Os fariseus, que representam os políticos de Roma, não gostam muito do que vêem. Eles têm ciúmes e medo Daquele Homem que está sendo aplaudido. Certamente terão que usar “mão de ferro” para acabar com aquela manifestação popular. Jesus sabe que seus críticos são corruptos, “sanguessugas” daquele povo simples que O aclama e O aplaude e, por isso, reage com firmeza: - "Digo-vos que, se estes se calarem, as pedras clamarão " (Lucas 19. 40).É interessante notar que Jesus não se importa que O aclamem como um “superstar”. Seu Reino é completamente diferente daquele que as pessoas ali presentes imaginam. Ele não vai fazer guerra contra os romanos e claro, caminhará sem medo por caminhos outros. Ele sabe que a multidão que O festeja é volúvel; que muitos dos que agora O aplaudem vão querer matá-Lo logo ali na frente.Jesus em PauloNa carta aos Filipenses vemos um outro jeito de entendermos Jesus. Ali, Ele não quer ser “o centro das atenções”. Ali, Ele deixa a Sua morada segura no céu para vir viver na insegurança da terra. Ali, Ele se torna gente e vem ao mundo para servir as pessoas como se fosse um escravo (Mateus 20.28). Ali, por amor a nós, Ele se permite a morte de cruz. Ali, Ele não dá qualquer peso ao “poder” e à “posição” que tem.Porque esta diferença de perfis no Evangelho de Lucas e na Carta de Paulo? Ora, Jesus é uma pessoa equilibrada e pessoas equilibradas sempre experimentam liberdade. Em Lucas Jesus aceita que as pessoas humildes O proclamem seu “rei”. Claro que Ele não necessita deste título para sentir-se melhor e mais feliz. Ele não tem necessidade de colocar-se acima das pessoas. Ele é um servo que até lava os pés dos discípulos (João 13. 1-20). Assim, Ele está livre do medo de ser e estar “no centro das atenções” mas, ao mesmo tempo, Ele também pode estar e viver no “no centro das atenções”, como vimos. Ele tem liberdade para agir de um jeito ou de outro. Ele pode ser Deus e, ao mesmo tempo, abdicar de sê-lO, se quiser assim.ConclusãoComo o confirmando da Paróquia Noroeste do Paraná, muitas vezes sonhamos com a idéia de sermos as “estrelas da festa”. Tenho lido e percebido que nem sempre as pessoas aplaudidas são felizes. Sabe-se que Marilyn Monroe, Elis Regina e Elvis Presley eram pessoas reconhecidíssimas pelo público e, mesmo assim, extremamente infelizes. A verdadeira felicidade só nos visita quando não lutamos para sermos pessoas “grandes”, reconhecidas. È hora de não nos escondermos e nem tampouco baixarmos nossas cabeças em momentos “chaves” da vida. Alcançaremos a felicidade somente quando assumirmos nossas posições em favor dos outros e de nós mesmos, exatamente como Jesus fez.Em qualquer caso, se estivermos “no centro das atenções” e ou simplesmente “servindo”, experimentaremos medo. Medo de não sermos aceitos; de não sermos levados a sério; de não sermos amados e até de sermos desconsiderados e machucados. No entanto, o caminho para a liberdade, para a vida feliz, sempre é um caminho que passa pelo medo, pela cruz. Enquanto não encararmos o medo de frente, nunca encontraremos a verdadeira paz.Jesus Cristo nos ajuda nesta luta. Ele também não estava livre do medo. Foi em frente e, com Sua morte e ressurreição, nos deixou claro que Deus é mais forte do que qualquer poder fazedor de medo. Se seguirmos Suas pegadas, poderemos vencer todos os medos para, logo depois, encontrarmos a liberdade, a vida. Vejam, Paulo sugeriu que “tivéssemos em nós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus...” (Filipenses 2.5). Amém!
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