sexta-feira, 20 de abril de 2007

Um grande Amigo!


4.7b - ...Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações. 4.14 - Tendo, portanto, um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou os céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. 4.15 - Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer- se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. 4.16 - Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno. (Hebreus 4.7b e 14-16)


Querida Comunidade! Vocês já repararam nos inúmeros Grupos de Pessoas que ajudam outras, em épocas de crise? Os AA, “alcoólicos anônimos” – como são conhecidos, animam-se mutuamente no sentido de “evitar a primeiro gole”. Há muitos outros grupos atuando dentro da sociedade. Grupos que se envolvem com doentes cardíacos, com diabéticos e com toda sorte de doenças graves. Também há os grupos que se especializam em apoiar enlutados e a acompanhar as vítimas da crescente violência entre nós. Sempre que agimos de forma comunitária, acabamos sendo mais fortes.


Pessoas que sofreram e lutaram para ultrapassar uma grande barreira e ou resolver um enorme problema, acabam se especializando no assunto e, para sentirem-se úteis na sociedade, dão tudo de si para ajudar pessoas que sofrem as mesmas agruras que elas mesmo sofreram. Quando se sente as mesmas dores, a conversa e a comunhão acontecem com mais facilidade. Este diálogo franco, muitas vezes, não acontece com os médicos, os psicólogos e os pastores que atuam na nossa volta. Coisa boa poder trocar-se experiências. Tal atitude sempre acaba sendo de grande ajuda. Informções que adquirimos da experiência de terceiros têm mais peso do que aquelas que vêm das palestras que ouvimos e ou dos livros que lemos.


Antigamente, em muitas culturas, os pastores também faziam o papel de médicos. Eles tratavam do corpo, do espírito e até davam palpites sobre a higiene do povo. Em muitos casos, até tinham formação para tal mas, será que eles entendiam as pessoas com as quais se relacionavam? A Bíblia nos conta que uma certa senhora chamada Ana chorou, durante longas horas, as suas agruras dentro do templo. O profeta Eli pensou que ela estivésse bêbada e até tentou conversar com ela. Um pouco mais tarde, ele mesmo percebeu que o assunto era mais delicado do que pensava. Vocês sabem disso!... Hoje em dia, muitos pacientes vão ao médico e não são entendidos por ele. Isso sempre foi assim e acho que continuará sendo, por longo tempo.


O texto da nossa prédica enfatiza que Jesus é nosso Sumo Sacerdote, o nosso Pastor Maior. Ele é o nosso Grande Médico. Só Ele pode compreender as nossas preocupações, fraquezas e doenças. E sabem porquê? Porque Ele passou por tudo isso. Ele sentiu fome, solidão, medo, tristeza e até o horror da morte na Sexta-feira Santa. Ele também se decepsionou com as pessoas, foi ferido e sofreu muito com a mentira.


Ele veio ao mundo e, aqui, tornou-se um homem de carne e osso para experimentar o que tu e eu experimentamos no dia-a-dia. Seu objetivo foi e continua sendo libertar as pessoas que, durante toda a sua vida, estavam e estão tomadas de medo. Para Jesus as pessoas sempre foram e continuam sendo importantíssimas. Ele proprio sofreu muita dor. E essa experiência sofrida na carne e no espírito acabou Lhe conferindo a autoridade para entender-nos e ajudar-nos quando entramos em desespero (Hebreus 2. 14-18).


Lemos nos Evangelhos que o Inimigo de Deus Lhe quis presentear poder, segurança e riqueza. Jesus venceu esta tentação e, consciente, seguiu o caminho da cruz. Alguns amigos até queriam desviá-lo deste objetivo. Mas Ele foi em frente. Vocês acham que Ele não teve chance e tempo de sobra para escapulir por entre as sombras da noite, enquanto estava no Jardim do Getsêmani? Claro que sim! Mas em vez disso, ficou esperando o traidor vir beijá-lo. Gente! Em Jesus temos um parceiro que conhece e compreende a vida como ela é.No Natal, Jesus tornou-se uma pessoa tal como tu e eu. Depois da Sua Ascenção Ele foi exaltado e sentou à direita do Pai para nos representar junto a Ele. Daí que as nossas fraquezas não lhe são estranhas. Ele pode nos ajudar a compreendê-las e, depois, retrabalhá-las para melhor podermos conviver com elas. É interessante notar que em todos grupos de Auto Ajuda a fé é entendida como ferramenta indispensável. Aqui não se trata da fé que sempre de novo procuramos compreender nos nossos Cultos. Não! Eles procuram forjar sua fé na comunidade dos iguais que, em comum, está em busca de um futuro melhor para si.


Nós, por outro lado, confiamos que Jesus nos compreende e que, por isso mesmo, Ele continuará nos ajudando com a resoluçao dos nossos problemas.Os grupos de Auto Ajuda procuram sempre estar juntos na caminhada; ser pacientes e perseverantes na jornada. Isso porquê os problemas precisam de tempo para serem resolvidos. As pessoas também precisam de tempo para crescer e pegar confiança no grupo onde participam. Se, de repente, mudarem os ventos e vierem dias piores, elas, que uma vez já foram ajudadas, poderão vir a ajudar outros.


O texto da nossa prédica também vê isso desse modo, quando fala que precisamos segurar nossa confissão de fé. Deus nos disse “sim” quando fomos batizados. Nós dissemos “sim” a Deus, no dia da nossa Confirmação. Há quem reagiu com um “sim” a Deus, no dia da sua conversão. Ótimo! Estes momentos representam a nossa aceitação na Comunidade Cristã. Também ali, a fé precisa de perseverança. Se perseverarmos na fé, cedo ou tarde, vamos acabar descobrindo o quanto Deus nos ajudou em tempos difíceis.


Fé tem a ver com confiança. Os problemas e as preocupações do dia-a-dia da vida são administrados com confiança pelos grupos de Auto Ajuda. Nosso objetivo é a vida eterna ao lado de Deus, a vida nova depois da morte. Com confiança, poderemos ir em busca deste objetivo porque, lá adiante, nos espera um grande amigo, Jesus. Aquele que morreu na cruz por nós. Amém

Reflexão sobre o Discipulado!


Estamos em tempos de crise. Aqui e ali ouve-se de “grandes novidades” e lá se vão as pessoas desavisadas “beber água” de “potes estranhos”. Igreja que é Igreja de Jesus Cristo sempre encara o “discipulado” como preocupação primordial. Esta posição já se encontra grifada no Evangelho de Mateus (Mt 28.18-20). O fato é que não podemos nos satisfazer apenas com o “envio dos doze” ou com o envio ao mundo de algumas mulheres e homens excepsionais do tempo em que vivemos. A proposta do discipulado é maior, uma vez que abrange toda a cristandade. Discipulado nada mais é do que a re-orientação da vida, a partir da obediência que “deságua” na sincera tentativa da busca de se ser como Jesus Cristo foi. E, fazer discípulos nada mais é do que oportunizar, fomentar às pessoas cristãs uma relação pessoal com o Senhor Jesus; é guiar estas pessoas para debaixo das “asas de Deus”; para debaixo da autoridade de Deus onde, com certeza, elas experimentarão grande transformação em suas vidas. Porque isto é a mais pura verdade, não hesito em dizer: - a Missão da Igreja fica incompleta se só acentuamos a conversão.


Ouvi e continuo a ouvir palestrantes que só conseguem conceber o discipulado como o ato “de seguir alguém de perto”. Aliás, este já era o conceito dos velhos Mestres da Lei dos tempos de Jesus. Penso que discipulado é mais do que isso. Quem lê Marcos 3.14 percebe que Jesus elegeu doze homens para “estarem com Ele”. Ali não está escrito que durante os três anos de discipulado, os escolhidos seriam informados com conteúdos acadêmicos. Nada disso! Está dito que viveriam em comunhão; que viveriam uma vida compartilhada. Nas Cartas que se seguem aos Evangelhos fica claramente implícito que os neo-convertidos se relacionavam com as pessoas cristãs e que, deste relacionamnto, sempre resultava vida mais madura em Cristo. Eis aí o conceito do discipulado no Novo Testamento. Gente, nós precisamos ocupar nosso tempo refletindo sobre isso.


Responder ao Chamado


Nos últimos anos, tenho circulado entre grupos cristãos e, no meu andar, me deparado com compreensões errôneas daquilo que o discipulado significa. Há irmãs e irmãos cheio de boas inteçoes que confundem o discipulado com o acúmulo de conhecimentos; com o acúmulo de aperfeiçoamentos; com o acúmulo de habilidades para o desempenho de certos “papéis” ligados à organização da instituição, Igreja. Entender o discipulado desta forma outra coisas não é do que tentar perpetuar o sistema eclesiástico com o auxílio de “adestrandos” (Pessoas que vão sendo preparadas para que se engajarem nos vários departamentos igrejeiros). Discipulado nao é isso. Discipulado é a formação da Pessoa à imagem de Jesus Cristo; é a priorização da pessoa e nunca àquilo que ela, porventura, um dia, venha a “produzir” dentro da estrutura onde vive.


Para que uma tal idéia seja levada a cabo, há que se apresentar às pessoas o Evangelho de forma compreensível e contextualizada. Melhor: há que sempre se levar em conta a época e o lugar onde se evangeliza. Jesus sabia qual era o pensamento vigente da sua época. Ele sabia quem eram os donos do poder do seu tempo. Ele tinha conhecimento da filosofia, do modo de pensar dos seus conterrâneos. Ele sabia com quem estava estava tratando. Conhecia seus costumes e tinha informações sobre seus interesses privados. Resumindo, Ele conhecia as pessoas que queria evangelizar, depois edificar e, por fim, discipular.Discipulado não é a reproduzir modelos exatos daquilo que outras cristãs e ou cristãos foram no passado. Não! Discipulado é a resposta ao chamado de Jesus. Todas as pessoas que reagem ao chamado de Cristo amadurecem livremente, naquele tempo certíssimo que o Espírito Santo vai promovendo. Sejamos flexíveis para as mudanças necessárias e as vezes até dolorosas que já nos estão pensadas pelo Pai.


Enquanto elas vão acontecendo de forma paulatina (Sim, porque Deus não tem pressa), cresçamos na sensibilidade que nos ajuda a captar os recados que Deus vai emitindo. Se Ele nos abrir portas, cruzemo-las, sempre com os ouvidos abertos para a “voz” da Escritura; para a “voz” das irmãs e dos irmãos da Paróquia; para a “voz” da História da Igreja e isso, sempre debaixo do senhorio de Jesus Cristo. Eis aí o “caminho das pedras” para o Reino de Deus.


Avaliando nossa liderança


Gosto da Carta que Paulo escrita aos Filipenses. Folheando-a, deparei-me com esta boa palavra: “Nada façais por partidarismo, ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo.” Vejam, na Igreja de Cristo somos todos discípulos uns dos outros; somos todos chamados a exercer o ministério do discipulado; somos todos desafiados a buscar relacionamentos horizontais e mútuos entre os semelhantes. Tenho para mim que posturas desse nível certamente desembocarão numa sempre maior aproximação do ato de se ser mais e mais “espelho de Jesus” aqui na terra.


Ser como Cristo foi é um sonho; é um processo que vai se dando em patamares inter-pessoais que, cedo ou tarde, poderão ser claramente percebidos onde houver o sincero compartilhar entre os crentes. Claro que há quem experimente fracassos, tentações e depressões enquanto tenta concretizar esse sonho. Essa é a hora de se animar; de se exortar; de se repreender; de se consolar e até de se realizar a edificação mútua, sempre a partir do diálogo em duas vias: ouvir e dizer, ouvir de novo e continuar dizendo.Para que a idéia do discipulado seja implementada a contento, necessitamos de uma sincera avaliação da liderança que exercemos. A verdadeira liderança não se radica somente numa preparação acadêmica. Ela também não se faz sentir, a partir duma personalidade especial ou de alguém que execute ações exemplares. Não! A função da liderança é ficar atenta à evolção das pessoas que, numa caminhada conjunta, buscam o alvo que conduz ao discipulado.


Como articular isso? Ora, brindando orientação; fomentando a descoberta dos potenciais e, ao mesmo tempo, exercendo-os; sensibilizando a mente e o coração das pessoas para que se voltem às necessidades dos indivíduos próximos; promovendo confiança na delegação de responsabilidades e assim por diante.Nos grupos onde vi liderança cristã, sempre havia atmosfera afetiva. Era nessa “oficina” que se dava vazão e se repartia as vivências do dia a dia. Meu pono de vista é claro: a liderança oriúnda de Cristo só é exemplar quando se submete ao discipulado e, junto, reconhece a pessoa de Jesus como único modelo verdadeiro em quem se espelhar, se assemelhar.


Amadurecendo na identidade cristã


Toda vez que ouço pessoas se referindo à pessoa do discípulo, me pergunto: Será que o discipulado está sendo entendido como comprometimento no serviço do Reino? Jesus serviu e chamou os discípulos para servir. Enquanto Ele os servia, eles iam crescendo, aprendendo, se envolvendo, abrindo as vias para o descobrimento e o discernimento dos dons que o Criador já lhes presenteara para a sua felicidade integral. Sinceramente, não consigo imaginar serviço cristão sem um “caminhar engajado” no discipulado. E o que é discipulado senão um amadurecer constante na identidade cristã? Ora, este amadurecimento do qual falo agora precisa acontecer antes de qualquer ação que tenha há ver com serviço.Enquanto a maturidade cristã vai se desenvolvendo em nós é que vamos descobrindo e praticando os dons espirituais. Uma vez inseridos inseridos na proposta de crescimento contínuo da fé, iremos perceber a melhor forma de canalizamos nossos dons a serviço dos outros. Jesus nos convida para andarmos com Ele. Se aceitarmos este convite, Ele nos sensibiliza para as necessidades das pessoas que esão próximas. Por isso, dirijamo-nos ao serviço, à cruz. Alguém está a fim?

Rumo ao Alvo!


Oliver Kahn, goleiro da seleção da Alemanha, sonhava muito com a conquista da Copa do Mundo, tanto em 2002 como em 2006. Impressionante, uma de suas entrevistas: - “Faz muito tempo que acalento ser Campeão Mundial de Futebol. Treino duro para alcançar este objetivo, apesar de saber que se trata de uma alegria passageira. Depois de alcançado o feito, precisarei recomeçar meus treinamentos”! Confesso que fiquei encantado com sua palavra. Agora, observem como ela combina com aquilo que o apóstolo Paulo escreveu em 1 Coríntios 9, 24-27: Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.


Nós, os homens e as mulheres que crêem, tornamo-nos participantes da salvação exatamente no dia em que Jesus Cristo, por sua morte na cruz, tomou sobre si todos os nossos sofrimentos (1 Co 1,4-9 e 18). Em vista disso, o desafio que Paulo nos propõe: buscarmos o objetivo da salvação e isso, diariamente, com “unhas e dentes”.Interessante notar que um grupo de pessoas da Comunidade da cidade de Corinto se entusiasmou com esta oferta de liberdade. Já eram os donos da salvação. Que se danassem as outras pessoas. Assim, escandalizavam-as enquanto comiam carne destinada aos ídolos; enquanto praticavam escândalos dentro do matrimônio (1 Co 7) – enfim, o que importava era ter a certeza da aceitação por parte de Deus.


No mais, para eles, a vivência diária não tinha nada a ver com a sua fé.Paulo discordava disso. Ele tentava deixar claro que, mesmo tendo a certeza da salvação em Cristo, não se pode esquecer que ainda estamos caminhando rumo a eternidade de Deus. Que nós, os cristãos e as cristãs, somos iguais a atletas que, correndo e treinando, nos desgastamos para alcançar o alvo, a coroa incorruptível, a salvação eterna.Este tempo de correr é um tempo de prova. Para que alcancemos esta coroa haveremos de evitar, de abdicar de tudo o que possa prejudicar o nosso objetivo. Assim somos desafiados a viver sob a marca do amor que nos faz capazes de desistirmos das vantagens pessoais, que possam impedir os outros de entenderem e de aceitarem o Evangelho de Cristo (1 Co 8.1-9,23).


Este estar a caminho também é um tempo de luta. Um tempo de disputa contra o próprio “eu” que, na sua liberdade cristã, não aceita qualquer tipo de abstinência. O alvo só será alcançado na medida em que formos lutando contra este “inimigo”. Não podemos possuir o amor de Deus, se não o vivemos durante a caminhada da nossa vida.Concluindo, lembro muito bem do ano de 1970. Nossa seleção brasileira estava no México e, de lá, acabou levando a taça “Jules Rimet” para casa. Éramos tri-campeões de Futebol com Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho e Cia. Ltda. Confesso que não me lembro de ter visto tanta festa na minha vida. Alguns anos depois, roubaram e derreteram a referida taça de ouro. Sempre acompanhei e ainda acompanho certos atletas brasileiros que lutam e se exercitam muito para voltar às disputas esportivas, depois de alguma lesão grave. Estes atletas buscam a glória passageira da qual o goleiro alemão Oliver Kahn falou com tanta propriedade. Nós?... Bem, nós buscamos a “Coroa da Glória” que não enferruja. Nosso tipo de exercício? Bem, ele se resume no amor que é capaz de desistir dos aparentes direitos, a fim de promover mais vida às outras pessoas. E tudo isso, por causa do Evangelho de Cristo. Só assim alcançaremos a coroa incorruptível.

LUTANDO CONTRA A TENTAÇÃO!

Oi Pessoal! Ontem, domingo, contribuí com minha primeira pregação aqui na Comunidade São Mateus. Dê uma lida...
Querida Comunidade! Inicio minha primeira prédica, aqui na Paróquia São Mateus, com uma pequena estória árabe. Conta-se que um certo camelo, incomodado pelo sol causticante do deserto, resolveu enfiar sua cabeça na abertura da barraca de lona, onde o seu senhor dormia. Como o seu dono não reagia, o camelo da nossa estória resolveu avançar o sinal e acabou enfiando os dois pés dentro da mesma. Agora o animal de carga já se encontrava com meio corpo dentro do seleto aposento. Como o seu senhor continuva quieto, sem esboçar qualquer atitude contrária à ação, o camelo não se fez de rogado e en-trou de corpo inteiro naquele lugar reservado. Neste momento o árabe da nossa estória reage irritado: „Escuta aqui ô meu! Não percebes que neste ambiente não há espaço para dois?”. O camelo, tranqüilo, reagiu à exortação dizendo: “Se o senhor tem consciência disso, não seria melhor que o senhor mesmo se retirasse desta barraca, agora?”... Eu passo a ler da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, do capítulo 10, os versos 1 a 13:Texto Bíblico1 – Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar,2 – tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés.3 - Todos eles comeram de um só manjar espiritual4 - e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo.5 – Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão porque ficaram prostrados no deserto.6 - Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.7 - Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; por-quanto está escrito: O povo assentou-se para comer e beber, e levantou-se para divertir-se.8 – E não pratiquemos imoralidade, como alguns deles o fizeram, e cairam, num só dia, vinte e três mil.9 – Não ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram e pereceram pelas mordeduras das serpentes.10 – Nem murmureis, como alguns deles murmuraram e foram destruídos pelo exterminador. 11 – Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado.12 - Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.13 - Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vos-sas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.A TentaçãoComo vimos, o apóstolo Paulo está exortando a Comunidade da cidade de Corinto. Aquele povo pensava que não havia qualquer problema em ser cristão e, ao mesmo tempo, fazer sacrifícios a outros deuses. Sabe-se, a partir da pesquisa da Bíblia, que a fé dos coríntios estava mal estruturada. Ou seja, as bases da sua Teologia, do seu jeito de entender “das coisas de Deus”, estavam débeis, e foi por isso que acabaram caindo em tentação. Claro que eles não faziam isso por mal, mas porque estavam fracos na fé. Em vista disso, Paulo lembra-lhes daquilo que aconteceu no passado, com os israelitas. O povo de Israel era muito privilegiado. Eles tinham a direção e o livramento de Deus presentes ao seu lado. Eles possuiam a liderança do grande líder Moisés. O seu alimento, durante a caminhada no deserto, era fornecido, milagrosamente, do céu e, quando tinham sede, bebiam diretamente da água que brotava da rocha. Mesmo assim, aquele povo acabou vacilando na fé quando dividiu a confiança em Deus com “deusinhos” outros. Paulo mostra aos coríntios que aquelas atitudes de antigamente geraram morte e destruição entre os israelitas. É sempre assim na História! O relaxamento na fé traz o enfraquecimento das pessoas. E, como todo mundo sabe, pessoas enfraquecidas quase nunca conseguem vitórias, só derrotas.Deus quer que as suas filhas e os seus filhos tomem consciência do mal que acompanha os ídolos. Falsos deuses trazem benefício aparente e a consequência para as vidas de quem se envolve com eles acaba sendo trágica. Foi assim com o Povo de Israel que ia morrendo pelo caminho, picado por serpentes. Seria assim com o povo de Corinto se ele não mudasse seu jeito de ser.Gente querida! Só o verdadeiro Deus pode trazer verdadeira libertação. Pessoas libertas em Cristo são pessoas que vencem mais facilmente os seus desafios e os seus problemas. Sabem porquê? Porque elas têm consciência dos seus atos e porque elas são disciplinadas na constante busca pela Verdade.Você já foi tentado alguma vez? Você soube lutar contra a tentação que acabou sobrevindo? Quando Cristo ordenou aos seus seguidores que “vigiassem e orassem para que não viessem a cair em tentação” (Marcos 14,38), Ele estava preocu-pado em preparar os seus seguidores para a luta contra a tentação, que sempre de novo ocorre em pensamentos, palavras e ações. Esta luta é diária e constante. As tentações invadem a nossa pessoa quando somos rebeldes; quando duvidamos da Palavra que Deus nos sopra no ouvido; quando permitimos espaço ao egoismo; quando nos deixamos inchar de vaidade; quando tentamos a Deus e Sua vontade.ConclusãoLembram da resposta do camelo ao senhor árabe? Ele disse: “Meu amigo! Se tens consciência de que dois são demais nesta tenda, então retire-se da mesma – ora bolas!” O pecado sempre busca maiores espaços dentro do nosso peito, da nossa tenda, da nossa vida. Se não resistirmos, vigiando e orando continuamente, ele vai alcançar o seu objetivo que é dominar nossa vida. Paulo nos lembra no trecho bíblico, sobre o qual meditamos agora mesmo, que há uma garantia para aqueles que seguem as pegadas de Jesus: Deus está do nosso lado e oferece Sua força para que possamos vencer todas e quaisquer tentações. Embora sejamos tentados continuamente, Deus nos dá forças para suportarmos e sairmos da tentação como vencedores. Ele provê o nosso livramento (1 Co 10,13) e, uma vez libertos, só a Pessoa de Jesus estará ocupando o espaço em nós, ninguém mais.OraçãoQuerido Senhor! Te agradecemos pelo que fizeste com o povo de Israel, no deserto, legando à História um exemplo muito claro. Te agradecemos pelo apóstolo Paulo que soube aplicar tão bem este exemplo a um povo que vacilava na fé. Te pedimos que nos fortaleças em consciência e disciplina, a fim de que saibamos superar as tentações nas quais caimos cada dia. Amém!

O evangelista Mateus!

Hoje, 25 de marco de 2007, eu serei investido como pastor da Paróquia São Mateus, aqui em Joinville. Minha pregação, abro-a já agora para vocês que me lêem. Com ela inicio uma nova e, creio eu, uma das maiores etapas da minha vida. Boa leitura!O momento me emociona. Cheguei a criar duas prédicas para o mesmo. Optei pela segunda... Muito bonito o quadro pendurado na parede, do lado esquerdo de quem entra no nosso templo. A pintura retrata o “Cobrador de Impostos” Mateus, no momento em que Jesus o convida a ser Seu discípulo. Ele não pensa duas vezes. Levanta-se da sua cadeira e, sem pestanejar, deixa o dinheiro arrecadado sobre a mesa para seguir Aquele que o chama. Sabe-se que logo após seu chamado, o evangelista dá um grande banquete em sua casa e que, na oportunidade, convida Jesus e os seus discípulos mais os “velhos amigos” publicanos e pecadores para festejar o momento. Vamos ler Mateus 9.9-13?...9.9 - Partindo Jesus dali, viu sentado na coletoria um homem chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.9.10 - Ora, estando ele à mesa em casa, eis que chegaram muitos publicanos e pecadores, e se reclinaram à mesa junta-mente com Jesus e seus discípulos.9.11 - E os fariseus, vendo isso, perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com publicanos e pecadores?9.12 - Jesus, porém, ouvindo isso, respondeu: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos.9.13 - Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas peca-dores.O chamadoMateus era um sujeito que ganhava a sua vida sentado. Tudo ia “de vento em popa” ali nas cercanias daquela mesa onde as pessoas vinham pagar seus dinheiros suados. A conta bancária de Mateus estava sempre azul, com saldo positivo. As pessoas que passavam ali pela redondeza quase nunca o viam em pé, sempre sentado. Sim porque lhe bastava estender a mão e apanhar as quantias alcançadas. Era só não se deter no rosto, era só não encarar as pessoas nos olhos. Tudo muito simples! Amigos ele não os tinha muitos. Escolhera aquela profissão que o aproximava muito dos conquistadores romanos e isso já implicava ser ojerizado, odiado pelas pessoas. Tinha aprendido a conviver com estas dificuldades e, até por ali, administrava seus problemas muito bem.Prá que mudar o estilo de vida? Era aquilo ali e ponto final. No entanto, lá no fundo da sua alma, havia um enorme vazio. Ele não podia se dizer um sujeito feliz. N’alguns momentos lhe vinham pensamentos de que não poderia continuar consumindo sua vida sob aquele “tranco”, sentado à mesa da coletoria e “vendo a banda passar”. Aquilo tudo era muito pouco. A felicidade não podia se resumir só no fato de se ter uma carteira recheada. Deveria haver alguma possibilidade de ele poder chegar mais perto das pessoas, estabelecer diálogos com os indivíduos que por ele passavam. Ou será que ele estaria condenado a sobreviver no meio daquela frieza de relações pelo resto dos seus dias? Como dar um basta naquele estilo de vida que vivera até então? O fato é que ele não tinha forças para levantar-se do lugar, para reco-meçar uma nova vida a partir do zero.De repente passa Jesus que o percebe sentado à mesa. Jesus vê seu semblante triste; vê perspectivas de um novo começo para aquele sujeito de olhar cansado e perdido que está sentado à sua frente. Siga-me! Esse é o chamado que atinge em cheio o coração de Mateus. Co-mo uma chama, esse chamado aquece o coração dele. Ali, bem na sua frente, está Alguém que o vê como ele é, que o leva a sério. Alguém que não diz: - “Tu estás perdido! Tu não tens qualquer chance nesta vida”. Sim, ali está alguém que acredita que ele é capaz de recomeçar sua história.São muitas as pessoas que esperam ansiosas que outras as vejam, as percebam. Jesus estava cheio do poder de Deus e é por isso que conseguia repassar dessa força para outras gentes. Na perspectiva de Deus, ninguém deve passar pela vida sentado. Mudanças, recomeços sempre foram palavras chaves nos discursos de Jesus que se esmerava em ir ao encontro de todas as pessoas. Jesus ultrapassava as fronteiras da cultura, da religiosidade e do poder econômico. Ele não isolava as pessoas que precisavam caminhar à margem com vestidos sujos e ou idéias destoantes por causa de infortúnios. Ele se achegava às pessoas esquecidas pela sociedade vigente e estas, na mesma hora, experimentavam da Sua proximidade, do Seu carinho e, assim, sentiam-se verdadeiramente alguém.Jesus e seus discípulos não têm problema em ir à festa promovida pelos pecadores da hora. Ali, naquela festa, está a comunidade que Deus sonha. Ali não há elites reunidas. Ali a comunidade não está selecionada. Todos têm o mesmo espaço à mesa. E o amor desmancha todas e quaisquer dificuldades. Só pelo amor é que tais momentos são possíveis. Sem o amor, este abridor de perspectivas, as comunidades convertem-se em deserto.Concluindo, Jesus ainda faz chamados nos dias de hoje. Não fique sentado! Levante-se e vá aos encontro das pessoas que vivem aqui no nosso Bairro, nas nossas cercanias. Vá ao encontro das pessoas que vivem na sua vizinhança. Há um sem número de gentes que, tal como Mateus, espe-ram que nos levantemos para irmos ao seu encontro. O amor de Jesus é grande e nos dá forças para tal. Forças para deixarmos a comodidade da nossa sala para trás em busca de recomeços.Uma coisa é certa: a mesa à qual Jesus estava sentado com publicanos e pecadores também está posta para nós. Jesus nos faz fortes para que possamos segui-Lo como discípulas e discípulos nestes tempos quando o ano de 2007 já engatou a segunda marcha. Quando tomarmos a decisão de seguí-Lo, só daí é que experimentaremos da Sua grandeza e do Seu carinho para conosco. E aquelas e aqueles que experimentarem deste amor, simplesmente não conseguirão mais ficar sentados como o evangelista Mateus da segunda hora. Como ele, também "não poderemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos" (Atos 4.20).Querido Senhor! Te agradecemos pelas nossas irmãs e irmãos que eri-giram esta Paróquia São Mateus, a partir dos seus talentos e dons. Te agradecemos pelo evangelista Mateus que decidiu levantar-se da sua cadeira e seguir a Jesus Cristo. Te pedimos que nos fortaleças para que também nós tomemos semelhante decisão de Te servir. Amém!

No centro das atenções!

Gente querida, faz 25 anos que iniciei meu ministério pastoral numa das Paróquias do Noroeste do Paraná. Certo dia, como de costume, durante um Culto Dominical, apresentei a turma do Ensino Confirmatório para a Comunidade reunida. Nosso presidente estava na vez e fez uma pergunta aos adolescentes presentes: - “Ei pessoal! Por quê o ato da Confirmaçao de fé é importante para vocês?” Um dos meninos foi rápido na resposta. Ele disse: - “Para mim ela é muito importante porque, naquele dia, eu serei o centro das atenções lá em casa.” Durante a liturgia lemos Filipenses 2. 5-11. Agora, vamos ler a Palavra de Lucas 19.28-40...19.28 - Tendo Jesus assim falado, ia caminhando adiante deles, subindo para Jerusalém. 19.29 - Ao aproximar-se de Betfagé e de Betânia, junto do monte que se chama das Oliveiras, enviou dois dos discípulos, 19.30 - dizendo-lhes: Ide à aldeia que está defronte, e aí, ao entrar, achareis preso um jumentinho em que ninguém jamais montou; desprendei-o e trazei-o. 19.31 - Se alguém vos perguntar: Por que o desprendeis? respondereis assim: O Senhor precisa dele. 19.32 - Partiram, pois, os que tinham sido enviados, e acharam conforme lhes dissera. 19.33 - Enquanto desprendiam o jumentinho, os seus donos lhes perguntaram: Por que desprendeis o jumentinho? 19.34 - Responderam eles: O Senhor precisa dele. 19.35 - Trouxeram-no, pois, a Jesus e, lançando os seus mantos sobre o jumentinho, fizeram que Jesus montasse. 19.36 - E, enquanto ele ia passando, outros estendiam no caminho os seus mantos. 19.37 - Quando já ia chegando à descida do Monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a louvar a Deus em alta voz, por todos os milagres que tinha visto, 19.38 - dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu, e glória nas alturas. 19.39 - Nisso, disseram-lhe alguns dos fariseus dentre a multidão: Mestre, repreende os teus discípulos. 19.40 - Ao que ele respondeu: Digo-vos que, se estes se calarem, as pedras clamarão.Jesus em LucasHá pessoas que não gostam de estar no “centro das atenções”, ainda mais se precisam falar alguma coisa. Doutro lado há pessoas que dão um “dedinho” para ocupar posições de destaque. Penso que muitos de nós até gostaríamos de experimentar, pelo menos um pouquinho, dessa sensação. Estou errado?...No texto que acabei de ler, vimos que Jesus está sendo o “centro das atenções”, enquanto Ele vai entrando com seus discípulos na cidade de Jerusalém. A multidão O aplaude e O festeja com grande alarido. Ela forra o Seu caminho com vestimentas caras e até joga ramos verdes na estrada - como nos informam os outros evangelistas. Ali, com certeza, caminha o seu „salvador da pátria”.Os fariseus, que representam os políticos de Roma, não gostam muito do que vêem. Eles têm ciúmes e medo Daquele Homem que está sendo aplaudido. Certamente terão que usar “mão de ferro” para acabar com aquela manifestação popular. Jesus sabe que seus críticos são corruptos, “sanguessugas” daquele povo simples que O aclama e O aplaude e, por isso, reage com firmeza: - "Digo-vos que, se estes se calarem, as pedras clamarão " (Lucas 19. 40).É interessante notar que Jesus não se importa que O aclamem como um “superstar”. Seu Reino é completamente diferente daquele que as pessoas ali presentes imaginam. Ele não vai fazer guerra contra os romanos e claro, caminhará sem medo por caminhos outros. Ele sabe que a multidão que O festeja é volúvel; que muitos dos que agora O aplaudem vão querer matá-Lo logo ali na frente.Jesus em PauloNa carta aos Filipenses vemos um outro jeito de entendermos Jesus. Ali, Ele não quer ser “o centro das atenções”. Ali, Ele deixa a Sua morada segura no céu para vir viver na insegurança da terra. Ali, Ele se torna gente e vem ao mundo para servir as pessoas como se fosse um escravo (Mateus 20.28). Ali, por amor a nós, Ele se permite a morte de cruz. Ali, Ele não dá qualquer peso ao “poder” e à “posição” que tem.Porque esta diferença de perfis no Evangelho de Lucas e na Carta de Paulo? Ora, Jesus é uma pessoa equilibrada e pessoas equilibradas sempre experimentam liberdade. Em Lucas Jesus aceita que as pessoas humildes O proclamem seu “rei”. Claro que Ele não necessita deste título para sentir-se melhor e mais feliz. Ele não tem necessidade de colocar-se acima das pessoas. Ele é um servo que até lava os pés dos discípulos (João 13. 1-20). Assim, Ele está livre do medo de ser e estar “no centro das atenções” mas, ao mesmo tempo, Ele também pode estar e viver no “no centro das atenções”, como vimos. Ele tem liberdade para agir de um jeito ou de outro. Ele pode ser Deus e, ao mesmo tempo, abdicar de sê-lO, se quiser assim.ConclusãoComo o confirmando da Paróquia Noroeste do Paraná, muitas vezes sonhamos com a idéia de sermos as “estrelas da festa”. Tenho lido e percebido que nem sempre as pessoas aplaudidas são felizes. Sabe-se que Marilyn Monroe, Elis Regina e Elvis Presley eram pessoas reconhecidíssimas pelo público e, mesmo assim, extremamente infelizes. A verdadeira felicidade só nos visita quando não lutamos para sermos pessoas “grandes”, reconhecidas. È hora de não nos escondermos e nem tampouco baixarmos nossas cabeças em momentos “chaves” da vida. Alcançaremos a felicidade somente quando assumirmos nossas posições em favor dos outros e de nós mesmos, exatamente como Jesus fez.Em qualquer caso, se estivermos “no centro das atenções” e ou simplesmente “servindo”, experimentaremos medo. Medo de não sermos aceitos; de não sermos levados a sério; de não sermos amados e até de sermos desconsiderados e machucados. No entanto, o caminho para a liberdade, para a vida feliz, sempre é um caminho que passa pelo medo, pela cruz. Enquanto não encararmos o medo de frente, nunca encontraremos a verdadeira paz.Jesus Cristo nos ajuda nesta luta. Ele também não estava livre do medo. Foi em frente e, com Sua morte e ressurreição, nos deixou claro que Deus é mais forte do que qualquer poder fazedor de medo. Se seguirmos Suas pegadas, poderemos vencer todos os medos para, logo depois, encontrarmos a liberdade, a vida. Vejam, Paulo sugeriu que “tivéssemos em nós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus...” (Filipenses 2.5). Amém!

Minha Prédica de Despedida!

Numa pequena meia-hora dos últimos dias, ainda pude me despedir do "Landesbischof Johannes Friedrich" (Igreja Evangélica da Baviera). Abaixo minha prédica de despedida aqui da Evangelische Studenten Gemeinde - ESG.
Umkehren…Rut 2, 5bProlog "Gnade sei mit Euch und Friede von dem, der da ist und der da war und der da kommt, Jesus Christus!"Liebe Gemeinde, die Bibel erzählt von vielen Wanderungen. Menschen verlassen ihr Land und finden eine neue Heimat. Eine solche Geschichte erzählt das Buch Ruth, im Alten Testament. Bethlehem ist Noomis Heimat, das Städtchen in den Bergen von Juda. Bethlehem heißt: Haus des Brotes. Aber dort gibt es schon lange kein Brot mehr. Alle haben Hunger.Die Familie beschließt auszuwandern. Der Mann Elimelech, die Frau Noomi und ihre beiden Söhne. Sie ziehen gegen Osten und überqueren den Fluss Jordan. Sie lassen sich nieder im Nachbarland Moab – heute ist dort Jordanien. Auf den Feldern von Moab wächst genug.Zehn Jahre später steht Noomi mit leeren Händen da. Ihr Mann ist bald nach der Auswanderung gestorben. Die zwei Söhne haben Frauen aus Moab geheiratet. Aber sie haben keine Kinder bekommen. Und nun sind beide Söhne kurz hintereinander gestorben. Noomi hat niemanden, der im Alter für sie sorgen wird. Ihre Söhne sind tot. Enkelkinder gibt es nicht. Da bleiben einzig die beiden Schwiegertöchter. Aber mit denen ist sie streng genommen gar nicht verwandt. In Moab ist sie für alle eine Belastung.Noomi entschließt sich, in ihre Heimat zurückzukehren. Von den Schwiegertöchtern verabschiedet sie sich. Sie rät ihnen, zu ihren Eltern zurückzukehren. Vielleicht haben sie Glück und finden nochmals einen Mann. Die eine Schwiegertochter befolgt diesen Rat. Die andere will unbedingt bei Noomi bleiben. Sie sagt mit Bestimmtheit: - „Wo du hingehst, will ich auch hingehen.“ Sie ist die Hauptperson der Geschichte – die Moabiterin Ruth.Noomi kehrt zurück in ihre Heimat. Die Frauen auf dem Marktplatz kennen sie noch. Aber Ruth kommt als Fremde nach Bethlehem. Jeder sieht es, jeder weiss es im Städtchen: Sie ist eine Ausländerin. Wovon sollen die beiden Frauen leben? Ruth versucht, was den Ärmsten in Israel erlaubt ist: Ährenlesen. Arme, Witwen, Waisen und Fremdlinge dürfen auf die Erntefelder gehen. Sie dürfen die einzelnen Ähren auflesen, die den Arbeitern entgangen sind.Ruth kennt sich in Bethlehem nicht aus. Sie weiß nur, dass sie auf dem Feld höchstens geduldet ist. Sie steht ja am untersten Ende der sozialen Leiter. Die Erntearbeiter sind höher gestellt, auch der Verwalter. Und erst recht der reiche Besitzer des Ackers. Jeder könnte sie sofort wegschicken. Ruth hat riesiges Glück. Der Zufall will es, dass sie auf dem Feld von Boas ist. Dieser Mann hat Verständnis. Er behandelt sie nicht als Fremde. Er sieht ihre Not und zeigt sich unerwartet großzügig. Seinen Angestellten verbietet er, die Frau wegzuschicken. Sie sollen sogar absichtlich Ähren für sie liegen lassen. Ruth dankt ihm: „Warum habe ich Gnade gefunden in deinen Augen?“Am Abend bringt sie ihrer Schwiegermutter einen Eimer voll Gerstenkörner nach Hause. Noomi freut sich und erklärt, wer Boas ist. Er ist mit ihrem verstorbenen Mann Elimelech verwandt. Die alte Frau erkennt die Chance und gibt Ruth den entscheidenden Tipp. Sie nennt ihr einen Ort, wo sie Boas ungestört treffen kann. Dort sagt Ruth zu Boas, dass sie seine Frau werden möchte. Es sind noch Hindernisse zu überwinden, aber der Plan gelingt. Boas nimmt Ruth zur Frau. Sie wird schwanger und bringt ein Kind zur Welt.Am Schluss hält die alte Noomi einen Knaben in den Armen. Für sie ist er wie ein eigenes Kind. Weil Boas mit Elimelech verwandt ist, stirbt die Familie nicht aus. Der Knabe wird später der Großvater des Königs David. Die Moabiterin Ruth ist also seine Urgroßmutter. So endet die Geschichte mit einem Schmunzeln: Von einer so mutigen Frau stammt David ab. Der größte König Israels hat eine Ausländerin unter seinen Vorfahren.Noch mal hinschauenEine schöne Geschichte – muss man schon sagen. In meiner Predigt werde ich mich nicht auf Noomi oder Rut, sondern auf Herrn Boas konzentrieren. Im Kapitel 2, Vers 5b kann man lesen: „Zum wem gehört diese junge Frau?“ Boas sieht die Fremde, die eine andersfarbige Haut hat, die Ausländerin, die Person, die auf seinem Feld fast illegal arbeitet. Vielleicht besitzt er die innere Größe dazu. Vielleicht hat er Zeit, weil er nicht arbeiten muss. Boas sieht einen Menschen mit seinen Gefühlen. Er sieht zum Beispiel die Angst auf dem Gesicht der Frau: „Kann ich hier auf diesem Feld bleiben?“ Oder: „Schicken sie mich gleich wieder fort? Nehmen sie mir die Körner weg, die ich gesammelt habe? Verprügeln sie mich am Ende noch?“Boas erfährt die Geschichte eines Lebens. Diese Frau hat eine Vergangenheit. Sie hat schon viel erlebt. Sie hat ihren Mann verloren. Sie hat ihre Heimat verlassen. Sie hat einen weiten Weg hinter sich bis sie in Bethlehem angekommen ist. Boas erkennt die Güte in ihrem Handeln. Die Frau, die vor ihm steht, hat sich solidarisch gezeigt mit ihrer Schwiegermutter. Sie hat eigene Pläne aufgegeben und jetzt sorgt sie dafür, dass auch die alte Noomi etwas zu essen bekommt. Sie ist ein Vorbild für gelebte Solidarität. Da ist ein Mensch mit seiner Würde. Boas merkt, wie die Welt in den Augen Ruths aussieht. Sie wird für ihn, was ihr Name sagt: eine Nächste, ein Mitmensch.Fast immer ist es so, dass Ausländer wegen einer Notsituation ihre Heimat verlassen. Sie sind in einer ähnlichen Situation wie Ruth in der Geschichte. Vielleicht haben sie noch viel schlimmere Erfahrungen durchgemacht. Wo sie herkommen, herrscht Angst. Und wo Angst regiert, schaut man nicht mehr auf einen Menschen. Das Leben ist nicht mehr viel wert. Ausländische Menschen träumen immer wieder von Leuten, die sie sehen, die sie anschauen, wie sie sind. Sie träumen von einem Staat, der die Würde jedes Menschen achtet. Sie sind Mitmenschen, die Wohlwollen zeigen. Paragraphen müssen gerecht sein. Aber sie haben keine Augen, aus denen Güte strahlt. So etwas können nur lebendige Menschen tun. Wir können es tun.Warum habe ich Gnade gefunden in deinen Augen? – fragte Rut. Da steht eines der schönsten Wörter, die man über Gott sagen kann: Gnade. Die Bibel bekennt: Gott ist einer, der Gnade zeigt. Anders gesagt: Gott ist einer, der nochmals hinschaut. Er verurteilt nicht auf den ersten Blick. Er nimmt einen Menschen wahr mit allem, was zu ihm gehört. Wie gut ist es, einen solchen Gott zu haben.Wir kehren umMeine Familie und ich, wir hatten keinen Bauchhunger gelitten, als wir vor sechs Jahren von Brasilien nach Deutschland gekommen sind. Hier wollten wir etwas Neues in der Evangelischen Kirche in Deutschland entdecken, andere Möglichkeiten des christlichen Lebens kennen lernen, besondere Perspektiven entdecken. Schon am Anfang unserer Zeit hier in München wurde uns klar, dass wir Ausländer waren. Ausländer müssen unbedingt alle Schwierigkeiten überwinden um zu überleben. Es war nicht einfach – muss ich schon sagen. Es fängt an mit Kleinigkeiten, die zum Leben gehören, wie z.B.: Man will mit der U-Bahn bis der Marienplatz fahren und steht vor einem blauen, anonymen Automat. Die Leute haben alle ein Ziel und deswegen rasen sie eilig daran vorbei, hin und her. Niemand ist bereit zu helfen, weil die Zeit knapp ist. Was macht man da? Aha! Eine Streifenkarte kaufen. Ok! Aber jetzt hat man wieder ein Problem vor sich und zwar, wie viele Streifen muss man denn stempeln? Eins, zwei oder sind es drei? Ja, liebe Schwestern und Brüder, man muss sich der fremden Kultur anpassen und das kostet schon ein bisschen Kraft. Es dauert eine lange Zeit bis man endlich im Rhythmus der Stadt ist. Ich glaube, wir haben es in den letzten Jahren geschafft.In Dezember 2001, als unser jüngster Sohn vor Weinachten nach Brasilien zurück geflogen ist, habe ich ein Gedicht geschrieben, das „Vento Frio“, „Kalter Wind“ heißt. André Snoeijer ist ein guter Freund. Er war Tutor in meiner ehemaligen brasilianischen Studentengemeinde in Florianópolis. Heute arbeitet und lebt er mit seiner Familie in Essen. Er wird uns jetzt dieses Lied, das wir für Euch übersetzt haben, vorsingen…VENTO FRIOEstrib.: Sou caminheiro, descalço.Levo-me no pedregulho.E aí, vazio de orgulho,É o pé que dói,Que sangra e redói.Sou caminheiro, descalço.Já a cabeça eu alço.Enfrento todo percalçoDo vento frio que me moe.Enfrento todo percalçoDo vento frio que me moe.1.Vou aventureiro, despido.Embalado pelo tempo,E assim, todo a contento.Reflito, Atrito e medito.Em coraçao dolorido,Replanto um vale florido.Fruto da enxada e do grito.Estrib.:2. Paro cordeiro, cansado.Deito na rede do norte.Durmo da luta forte,Tenho asas,Vi idéias rasas.Já fui ensimesmado,Fiz amor entusiasmado.Revivo, batendo asas.KALTEN WINDRefrain: Ich bin ein barfüßiger Pilger.Bewege mich auf steinigem WegeUnd da, ohne Stolz im Leben,Mein Fuß tut weh,Der blutet und schmerzt.Ich bin ein barfüssiger Pilger.Nur mein Kopf, den halte ich hochÜberwinde alle SchwierigkeitenVon dem kalten Wind, der mir quält.Überwinde alle SchwierigkeitenVon dem kalten Wind, der mir quält.1. Im Abenteuer gehe ich kleidungslos.Der Schwung gibt mir die ZeitUnd so, mit voller Freude.ReflektiereDiskutiere und meditiere.In mein Herz, das schmerzempfindlich ist,Pflanze wieder Blumen im Tal.Eine Frucht der Hacke und der Schrei.Refrain:2.Höre auf, zahm und müde.Lege mich in die nördliche Hängematte.Der starke Kampf macht mich müde,Habe Flügel,Und viele kleine Ideen gehört.Habe mich schon sehr klein gefühlt,Habe mit großer Begeisterung geliebt.Lebe wieder und flügge weiter.Die Aufforderung umzukehren, ist im brasilianischen und deutschen Sprachgebrauch doppelsinnig. Sie kann zum einen schlicht meinen, den Weg zurückzugehen, den man gekommen ist, zum anderen aber auch: Ändere dich! Wage einen Neubeginn! Mach es anders und besser als bisher!Wir haben unsere Probleme überstanden und dass, weil viele von Euch uns unterstützt haben. Ihr habt uns immer wieder angeschaut in unserer anderen Lebensart. Ihr habt uns gehört und auch versucht uns zu verstehen, mit unserem südamerikanischen Akzent. Herzlichen Dank dafür!... Valmi und ich, wir haben hier in Deutschland viel gelernt. Ich bin fest davon überzeugt, dass Gott uns diese Chance hier zu leben gegeben hat. Euch alle kennen zu lernen war, ist und bleibt für uns der größte Schatz. Heute wissen wir ganz genau wie die „kleinen Menschen“ sich fühlen. Heute verstehen wir, dass Liebe mit „loslassen“ zu tun hat. Noomi hat es schon viel früher als wir erlebt und auch gelernt. Heute ist uns klar, dass das Leben kurz ist und dass jeder Tag ein Gottesgeschenk zum Genießen ist. Heute verstehen wir uns als normale Menschen, nicht schlechter und auch nicht besser als die, die uns immer wieder auf der Straße begegnen.Abschluss Hier in der Kreuzkirche, wo unsere Geschichte vor sechs Jahren auch angefangen hat, endet meine Rede. Diese kleinen Säckchen, die vor Euch liegen, sind mit brasilianischer Erde gefüllt. Ihr dürft diese kleine Portion Erde mit nach Hause nehmen und sie dort in einer Blumenvase mit deutscher Erde mischen. Die Blumen werden wachsen und zwar auch ein bisschen auf brasilianische Art. Und das, so verstehe ich es, soll ein kleines Symbol für unsere Mitarbeit in der Evangelischen Studentengemeinde hier in München sein. Und auch für alle anderen Gruppen, in welchen wir gewirkt haben. Heute sind wir Nächste, Mitmenschen…Die Gnade unseres Herrn Jesus Christus und die Liebe Gottes und die Gemeinschaft des Heiligen Geistes sei mit Euch allen. Amen.Renato BeckerMünchen – DEDen 19. Januar 2007